Dinâmica II

Todos devem querer saber Ninguém está interessado em como foi minha dinâmica, mas vou contar assim mesmo, até por não ter assunto ou ainda estar bloqueado para coisas mais criativas (curioso? Olha o arquivo). Então, como sou macaco velho de dinâmica, sei que as pessoas estão lá mais para pendurar melancias no pescoço e contar que fazem origami, mergulho e a capacitação profissional inclui puxar o saco e dizer que “é uma pessoa extrovertida, que adora resolver problemas, amigo de todo mundo, criativa, pioneira”. Se eu ganhasse um salário pra cada vez que ouvisse isso, me especializaria em dinâmicas.

Enfim, estava sem a menor vontade de me socializar e ouvir as mesmas histórias, então botei o Ipod no máximo e fiquei olhando a fauna de candidatos. Todos pareciam preparados e tal, e eu com meu cabelo à la Julian Casablancas (joga no google), cem por cento desarrumado.

Então fui, e a primeira coisa que reparei foi a sobrancelha de uma das candidatas: AS-SUS-TA-DO-RA! Sério, aquilo parecia uma taturana, eu quase cheguei na mulher dando um tapa e avisando “CUIDADO! OLHA O BICHO”. Eu tenho pesadelos com a tal sobrancelha desde então. Acordo suado de noite, assustado, e tudo parece sobrancelha em meu quarto escuro. Daria até um filme: “O ataque das sobrancelhas assassinas”, com uma musiquinha do Halloween, você sabe qual é.

Aí começou a dinâmica propriamente dita; e eu que geralmente me acabo, nem ri, de tão sem graça que foi. As pessoas tão sérias, ninguém com senso de humor, ainda pensei em sair gritando, dizendo que alguém tinha incorporado por algum espírito, baixou um caboclo, só pra dar uma animada, mas o pessoal era tão sem sal, que periga até que posso conseguir o estágio.

Tinha lá a mulher da empresa, que tinha a simpatia de uma atendente de telemarketing ao vivo. Elas sabem fuder geral nos deixar mais calmos, e por isso ficam observando os candidatos com aquele olhar agudo de Luciana Gimenez, que faz um esforço pra fingir que tá entendendo quando você diz a idade, a faculdade, e outras coisas que não influenciam em porra nenhuma se a pessoa passa ou não. Talvez por ela não entender nada mesmo, sempre chamam uma empresa terceirizada para fazer a seleção. O problema é que, às vezes, nem a tal empresa sabe de porra nenhuma, e chamam os mais ineptos. Por isso ainda tenho esperanças de passar.